domingo, 12 de agosto de 2012

BANDEIRA BRANCA E A SABEDORIA

Hoje ao acessar a página de um amigo, recebi como presente uma frase de Cora Coralina, dizendo assim: “O saber a gente aprende com os mestres e com os livros. A Sabedoria a gente aprende é com a vida e com os humildes.”
            Existe uma relação de confiança que norteia as relações entre o efetivo saber e o efetivo uso do saber.
            As religiões norteadas pela oralidade e pelo conhecimento colocado em prática exigem dos seus manipuladores, o comprometimento de fazer jus da centelha divida pelo mais velho para o mais novo.
            Levar em frente à missão de perpetuar a Fé, essa que nos deixa de pé, partilhada pelos nossos ancestrais, nos faz humanos na preocupação de direcionar nossos valores e nossa visão como contribuição para uma sociedade justa e participativa.
            O momento exige da sociedade afrodescendente, uma postura presente, assertiva e decidida no objetivo de não deixar se perder o verdadeiro sentido dessa jornada.
            Jornada essa que não foi imposta e nem sentenciada, somente compartilhada pelo livre arbítrio de cada um de nós.
            Quando o Vento nos toca, quando a emoção de momentos úncos invade nosso ser, quando o choro contido em um momento de festa se faz presente, quando um simples beijo na testa alegra nosso dia, façamos destes elementos fonte de renovação e coragem para que nossa bandeira branca sempre esteja hasteada e alva.
            Não manchemos nossa história, nossas lutas, nossas verdades, nossos valores e o nosso Vento com a poeira da ostentação e falsa alegria.
            Faça uso do seu saber para o próximo, para contribuição acadêmica, para o seu mais novo e para o seu mais velho.
            Nunca se aprende tudo e nunca se sabe tudo neste universo dinâmico e rotativo. O que realmente irá valer a pena será a capacidade que cada um terá de colocar em prática o percentual de participação no universo colaborativo da nossa caminhada.
            Não basta fio que se carrega no pescoço ou o fio que compõe o tecidoe sua roupa, o que importa é a lição de casa passada pela vida e por pessoas exergam a simplicidade da vida.
            Esse aprendizado nos tornará presentes, humanos, verdadeiros e ativos neste movimento de entendimento do nosso papel dentro de um contexto tão rico e saboroso, que nos faz viajar de pés descalços numa musicalidade única e ancestral, sempre ao som de um Vento essencial e renovador. Axé!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

AXÉ

Axé é força vital, energia, princípio da vida, força sagrada dos orixás. Axé é o nome que se dá às partes dos animais que contêm essas forças da natureza viva, que também estão nas folhas, sementes e nos frutos sagrados. Axé é bênção, cumprimento, votos de boa-sorte e sinônimo de Amém. Axé é poder. Axé é o conjunto material de objetos que representam os deuses quando estes são assentados, fixados nos seus altares particulares para ser cultuados. São as pedras e os ferros dos orixás, suas representações materiais, símbolos de uma sacralidade tangível e imediata. Axé é carisma, é sabedoria nas coisas-do-santo, é senioridade. Axé se tem, se usa, se gasta, se repõe, se acumula. Axé é origem, é a raiz que vem dos antepassados, é a comunidade do terreiro. Os grandes portadores de axé, que são as veneráveis mães e os veneráveis pais-de-santo, podem transmitir axé pela imposição das mãos; pela saliva, que com a palavra sai da boca; pelo suor do rosto, que os velhos orixás em transe limpam de sua testa com as mãos e, carinhosamente, esfregam nas faces dos filhos prediletos. Axé se ganha e se perde. (Extraído de Reginaldo Prandi, Os candomblés de São Paulo.)